Estado nutricional, biomarcadores inflamatórios e qualidade de vida de mulheres com câncer de mama recebendo quimioterapia ambulatorial
Nome: JULIA ANHOQUE CAVALCANTI MARCARINI
Data de publicação: 22/09/2023
Resumo: Introdução: Pacientes com câncer de mama em tratamento quimioterápico apresentam
prejuízos em seu estado nutricional, os quais podem estar associados principalmente ao
aumento de peso. Outra característica do câncer é a presença da inflamação sistêmica,
relacionada tanto com o processo de desenvolvimento do tumor, quanto como consequência
da quimioterapia. Todos esstes fatores impactam sobremaneira a qualidade de vida das
pacientes. Objetivo: Avaliar o estado nutricional e os biomarcadores inflamatórios de
mulheres com câncer de mama não metastático recebendo quimioterapia ambulatorial e
identificar sua associação com variáveis sóciodemográficas, clínicas e de qualidade de vida.
Metodologia: Estudo longitudinal prospectivo conduzido no Hospital Santa Rita de Cássia -
referência em tratamento de câncer no estado do Espírito Santo. Serão incluídas as
pacientes que atenderem aos seguintes critérios de elegibilidade: a) mulheres com idade
acima de 18 anos; b) com diagnóstico anatomopatológico de câncer de mama em
estadiamento I, II ou III; e c) pacientes (apenas casos novos) submetidos a quimioterapia
ambulatorial. Os critérios de exclusão compreendem: a) pacientes com história prévia de
tratamento para câncer (quimioterapia radioterapia); b) pacientes submetidos à radioterapia
concomitante; c) pacientes em cuidados paliativos exclusivos. Os instrumentos para coleta
de dados incluem: 1) Ficha de caracterização sociodemográfica e clínica a partir da ficha do
tumor do Registro Hospitalar de Câncer (RHC); 2) Nutritional Risk Screening (NRS-2002); 3)
Avaliação dietética; 4) Avaliação antropométrica; 5) O EQ-5D-3L, para avaliar a qualidade
de vida. Será realizada no 1º e 3º ciclo de quimioterapia análise do hemograma, para
avaliação de aspectos inflamatórios (Razão Neutrófilo-Linfócito e Razão Plaquetas –
Linfócitos), bem como coleta de amostra de proteína C reativa (PCR). Todas as análises
serão realizadas utilizando o software estatístico R (versão 4.2.2) e o software RStudio
(versão 2023.03.1), com nível de significância (alfa) fixado em 5%. Resultados: Houve
predominância de pacientes com sobrepeso, com aumento no 3º ciclo de QT. Cerca de
6,67% e 10% das pacientes apresentaram risco nutricional pela NRS-2002 no 1º e 3º ciclo
de QT, respectivamente. Ansiedade/depressão foi mais frequente no 1º ciclo de QT, com
associação significativa com risco nutricional (p=0,002). As variáveis idade no 3º ciclo e
dor/desconforto no 1º ciclo de QT (p=0,049 e p=0,043, respectivamente), apresentaram
associação significativa com o risco nutricional. Em adição, a PCR esteve elevada já no
primeiro ciclo de quimioterapia, mantendo-se da mesma forma no terceiro ciclo do
tratamento. Já a RNL e RPL apresentaram médias abaixo da recomendação, porém se
elevaram ao longo do tratamento quimioterápico. Variáveis como cor autorreferida,
circunferência da cintura (CC), Índice de Massa Corporal (IMC), prega cutânea tricipital
(PCT) e área de perímetro do braço (APB) mostraram associação com a PCR. A RNL foi
associada ao estado civil, estadiamento, TNM, diabetes e área muscular do braço corrigida
(AMBC). Conclusão: Essa pesquisa enfatiza a interação complexa entre estado nutricional,
sintomas neuropsicológicos e características sociodemográficas e inflamatórias de pacientes
com câncer de mama não metastático durante o tratamento quimioterápico, destacando a
necessidade de intervenções personalizadas para qualificar o cuidado em Oncologia.