Sintomas depressivos em indivíduos transgêneros e cisgêneros: um estudo comparativo sobre os fatores associados

Nome: BEATRIZ SOUZA SILVA

Data de publicação: 28/03/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXANDRE CARDOSO DA CUNHA Examinador Interno
JOSE LUIZ MARQUES ROCHA Presidente
LARISSA DE FREITAS BONOMO Examinador Externo
VALDETE REGINA GUANDALINI Coorientador

Resumo: Introdução: Pessoas transgênero possuem algum nível de incongruência de
gênero, que por sua vez é caracterizada pelo desconforto psicológico causado
pela discrepância entre sua identidade de gênero, sexo designado ao
nascimento e/ou aparência física. A identidade transgênero comumente está
associada ao estigma social, a vulnerabilidades estruturais e maiores chances
de desenvolvimento de sintomas depressivos. Nesse sentido, este estudo teve
como objetivo analisar os fatores associados aos sintomas depressivos em
indivíduos transgênero e compará-los com aqueles observados em indivíduos
cisgênero residentes no estado do Espírito Santo. Métodos: Estudo transversal
observacional, com amostragem bola de neve. Os voluntários foram
convidados a participar da pesquisa por meio da divulgação em mídias sociais,
associações voltadas ao segmento LGBTQIAPN+ (lésbicas, gays, bissexuais,
transgêneros, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais, não-binários e
outros) e usuários atendidos em ambulatório de diversidade de gênero entre os
anos de 2021 a 2024, tendo como critérios de inclusão idade maior ou igual a
18 anos de idade; auto identificar como parte do universo transgênero ou
cisgênero e ser residente no estado do Espírito Santo. Para avaliar os sintomas
depressivos foi utilizado o inventário de Beck, sendo classificados indivíduos
com e sem sintomas depressivos. Foram analisadas variáveis
sociodemográficas e de saúde, entre elas insônia, a partir da escala PROMIS,
qualidade de vida a partir do questionário SF-6D, consumo de álcool e outras
substâncias a partir da triagem ASSIST e percepção da auto-imagem através
da escala brasileira de silhuetas. As análises estatísticas foram realizadas no
programa SPSS®, versão 29,0 e no programa STATA®, versão 18. Utilizou-se o
teste de Kolmogorov-Smirnov para analisar a normalidade dos dados, teste t de
Student e ou Mann Whitney para comparar as variáveis independentes com 2
categorias, ANOVA para variáveis com 3 ou mais categorias, Qui–quadrado
particionado para variáveis categóricas e regressão linear multivariada para
determinar a influência das variáveis independentes. O nível de significância
adotado foi de 5% para todos os testes. Resultados: A amostra incluiu 123
participantes transgêneros e 79 cisgêneros com idade média de 26 (± 7) anos
sem diferença entre os grupos. O grupo transgênero apresentou maior maior proporção de sintomatologia depressiva (11,49% vs 7,80%), presença de comorbidades (29,3% vs 8,9%) e de desemprego (18,7% vs 1,3%) em
comparação ao grupo cisgênero (p <0,05 para todos). Por outro lado,
apresentaram menor renda (65,8% vs 12,3%), escolaridade (79,7% vs 54,4%)
e qualidade de vida (score 0,78 vs 0,8) (p <0,05 para todos). Ademais,
participates transgênero relataram maior consumo de tabaco, alcool, maconha,
cocaína, hipnóticos e alucinógenos em comparação com cisgêneros. A análise
de regressão multivariada revelou que a insônia, experiência de preconceito e
o consumo de álcool, tabaco e hipnóticos permaneceram associaram
positivamente aos sintomas depressivos no grupo dos voluntários
transgêneros. No entanto, apenas a insônia e insatisfação corporal associaram
positivamente com os sinomas depressivos no grupo de pessoas cisgênero
após os ajustes de confusão. Conclusão: Participantes transgêneros
apresentaram maior gravidade e maior proporção de sintomas depressivos,
que foram associados a diferentes fatores entre os grupos. Além disso, a força
do impacto desses fatores foi superior no grupo transgênero, o que sugere que
esse segmento populacional requer abordagens específicas para atender às
suas demandas únicas.

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