Associações entre consumo alimentar, saúde óssea e composição corporal: uma análise transversal em mulheres na pós-menopausa

Nome: CAMILA VILARINHO VIDIGAL

Data de publicação: 11/09/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CAROLINA PERIM DE FARIA Examinador Interno
GLÁUCIA CRISTINA DE CAMPOS Examinador Externo
JOSE LUIZ MARQUES ROCHA Coorientador
VALDETE REGINA GUANDALINI Presidente

Resumo: A menopausa confirma o fim da vida reprodutiva feminina e é caracterizado por importantes alterações hormonais. Essas alterações hormonais contribuem para o aumento e redistribuição da gordura corporal e para a perda de massa óssea e muscular, o que favorece o desenvolvimento de doenças como a obesidade, osteoporose e sarcopenia. Além disso, a presença simultânea dessas condições pode ser observada, embora a prevalência na população pós-menopausada ainda seja desconhecida. Hábitos e estilo de vida relacionados ao consumo alimentar, atividade física, consumo de álcool e tabagismo também estão relacionados com o desenvolvimento da obesidade, osteoporose e sarcopenia. Este estudo teve dois objetivos principais: 1. Investigar a relação entre o consumo alimentar e composição corporal com a microarquitetura óssea de mulheres pós-menopausadas. 2. Verificar a prevalência de obesidade osteopênica e fatores associados em mulheres pós-menopausadas. Este é um estudo transversal, realizado entre junho de 2019 e março de 2020, com mulheres pós-menopausadas há pelo menos 12 meses e com idade igual ou superior a 50 anos, atendidas no ambulatório de climatério e osteoporose de um hospital universitário. Foram coletadas informações sociodemográficas, de estilo de vida, condições clínicas e de consumo alimentar por meio da aplicação de questionários. Foi realizada a avaliação antropométrica e bioquímica. A composição corporal e a densidade mineral óssea (DMO) foram analisadas por absorciometria de raios X de dupla energia (DXA). As variáveis de composição corporal avaliadas foram: percentual de gordura corporal (GC) (%), índice de massa gorda (IMG) (kg/m²), gordura visceral abdominal (GVA) (cm²) e índice de massa muscular esquelético apendicular (IMMEA) (kg/m²). O escore trabecular ósseo (TBS) foi utilizado para avaliar indiretamente a microarquitetura óssea. A obesidade osteopênica foi diagnosticada considerando o perímetro da cintura (PC) e a DMO. Foram aplicados testes para comparação das variáveis de exposição e covariáveis entre as categorias da variável desfecho microarquitetura óssea (artigo 1) e obesidade osteopênica (artigo 2). Análises de regressão logística binária ajustada em 3 modelos foram conduzidas para verificar a associação entre as variáveis de exposição do estudo, a microarquitetura óssea e a obesidade osteopênica. Foi considerado nível de significância de 5% para todos os testes. As mulheres avaliadas eram, em sua maioria, idosas, sem companheiro, pretas/pardas, com baixa escolaridade, não faziam uso de bebidas alcoólicas, não fumantes, suficientemente ativas, faziam uso de suplementação de cálcio e vitamina D e não usavam medicamentos que alteram metabolismo ósseo. A microarquitetura óssea parcialmente degradada/ degradada esteve positivamente associada à massa corporal (OR 1.19 [IC95% 1.05 – 1.36]) (p = 0.007) e inversamente associada ao GC% (OR 0 .72 [IC95% 0.57 – 0.91]) (p = 0.005), IMMEA (OR 0.24 [IC95% 0.07 – 0.80]) (p = 0.021) e ao consumo de proteína animal (OR 0.86 [IC95% 0.75 – 0.98]) (p = 0.024) e magnésio (OR 0.96 [IC95% 0.93 – 0.99]) (p = 0.020). Foi identificada prevalência de 47,1% de obesidade osteopênica nas mulheres avaliadas. A presença de obesidade osteopênica esteve associada positivamente aos níveis de proteína C reativa (PCR) (OR 1,21 [IC95% 1,01 – 1,43] p = 0,035). Mulheres com menores índices de GVA (OR 0,96 [IC95% 0,93 – 0,99] p = 0,006) e IMMEA (OR 0,11 [IC95% 0,01 – 0,83] p = 0,032) foram menos prováveis de apresentar obesidade osteopênica, e aquelas com menor consumo proteico (OR 1,07 [IC95% 1,02 – 1,13] p = 0,009) foram mais prováveis de apresentar essa condição. Em síntese, a análise abrangente da saúde óssea, considerando parâmetros como massa corporal, GC%, IMMEA e consumo de proteína animal e magnésio, emerge como uma abordagem fundamental para avaliar a microarquitetura óssea. Além disso, a elevada incidência de obesidade osteopênica em mulheres pós-menopausadas enfatiza a necessidade de identificação e atenção precoce a fatores como GVA, IMMEA, PCR e consumo proteico.

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