Hábitos alimentares não saudáveis, uso de substâncias psicoativas e saúde mental em adolescentes brasileiros: uma abordagem de saúde pública

Nome: MARCYELLE PAVESI WERNECK

Data de publicação: 27/03/2025

Resumo: Introdução: a adolescência é um período de transição entre a infância e a vida adulta,
caracterizado por transformações biológicas, psicológicas e sociais, acompanhadas
de um aumento da autonomia. Nesse estágio, os jovens adotam novos
comportamentos que podem representar riscos à saúde, como tabagismo, consumo
de álcool e uso de substâncias psicotrópicas, alimentação inadequada e
sedentarismo. O consumo de alimentos não saudáveis, como doces e fast food, é
amplamente reconhecido por seus efeitos prejudiciais, especialmente em
adolescentes, diante da exposição desses jovens a diversos fatores de risco torna-se
fundamental investigar como essas influências impactam os hábitos alimentares, a
imagem corporal, a saúde mental e o uso de substâncias psicoativas. Objetivo: este
estudo tem como objetivo avaliar as associações entre o uso de substâncias
psicoativas, hábitos alimentares não saudáveis, insatisfação com a imagem corporal
e saúde mental em adolescentes brasileiros. Metodologia: o estudo é de natureza
secundária, realizado a partir de dados de um estudo transversal e descritivo,
utilizando informações da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019,
disponíveis publicamente através do site do IBGE. A amostra representou uma
população estimada de 187.957 estudantes brasileiros. O estudo analisou uma
subamostra de 124.898 estudantes brasileiros de 13 a 17 anos, excluindo estudantes
menores de 13 anos e maiores de 18 anos de idade e questionários do aluno que
absteram da resposta ou abandonaram o questionário contemplando informações
sobre substancias psicoativas, imagem corporal, saúde mental e consumo alimentar.
Para a análise de dados foi aplicado Regressão de Poisson, com o consumo alimentar
(saudável e não saudável) como variável dependente e o uso de substâncias
psicoativas como variável independente. O software SPSS (versão 26.0) foi
empregado para calcular razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC) de
95%, para investigar associações entre uso de substâncias psicoativas, imagem
corporal, bem-estar mental e consumo alimentar nas últimas 24 horas, incluindo 13
alimentos ultraprocessados classificados pela NOVA, ajustando os dados por
variáveis sociodemográficas para controlar potenciais confundidores. Resultados: o
estudo revelou que o consumo de álcool e tabaco esteve significativamente associado
a um maior consumo de doces, refrigerantes e fast food. Adolescentes do sexo
masculino apresentaram menor consumo de doces (RP: 0,947; IC: 0,946 –0,949;
p<0,001), mas maior consumo de refrigerantes (RP: 1,015; IC: 1,013 – 1,016; p<0,001)
e fast food (RP: 1,005; IC: 1,004 – 1,006; p<0,001) em comparação às meninas.
Aqueles com idades entre 13 - 15 anos consumiram mais alimentos não saudáveis
(doces, refrigerantes e fast food) do que os adolescentes mais velhos. Dificuldades
emocionais, como tristeza e insatisfação com a imagem corporal, estiveram
relacionadas a um maior consumo de alimentos ultraprocessados, enquanto a
satisfação corporal e a não utilização de substâncias psicoativas foram associadas a
hábitos alimentares mais saudáveis. Fatores regionais e a escolaridade materna
também influenciaram as escolhas alimentares, sendo que adolescentes de famílias
com menor nível educacional e de determinadas regiões apresentaram maior
consumo de alimentos não saudáveis. Conclusão: o estudo mostrou que o consumo
de álcool e tabaco está associado a uma maior ingestão de alimentos não saudáveis
entre adolescentes. Diferenças de gênero, idade, fatores emocionais e
socioeconômicos também influenciaram os padrões alimentares, destacando a
necessidade de intervenções em saúde pública que integrem suporte nas escolas
relacionado à saúde mental, educação nutricional e prevenção ao uso de substâncias.
Abordar essas influências multifacetadas nos hábitos alimentares dos adolescentes é
essencial para melhorar os desfechos em saúde pública e prevenir problemas futuros.

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