Defesa de dissertação – Naira Marceli Fraga Silva

Título do trabalho:
“Mioesteatose, prognóstico e eventos adversos no câncer de mama: revisão sistemática e metanálise de estudos de coorte”

Resumo:

A infiltração intramuscular de tecido adiposo, denominada mioesteatose, reflete a qualidade do tecido e se relacionada a diversos desfechos negativos. Todavia, em pacientes com câncer de mama (CM) os resultados são conflitantes e exigem maiores esclarecimentos. Dessa forma, este estudo buscou analisar criticamente as evidências sobre a associação entre mioesteatose, sobrevida geral, sobrevida livre de doença/progressão e eventos adversos durante o tratamento oncológico em mulheres com CM. A revisão foi conduzida e relatada de acordo com as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta‐Analyses). As buscas foram realizadas nas bases Pubmed, Embase, Scopus e Web of Science. Dois revisores independentes conduziram a triagem e seleção dos registros. Adotou-se os seguintes critérios de seleção: tratar-se de estudo observacional de coorte; investigar a relação da mioesteatose com a sobrevida e/ou eventos adversos do tratamento, apresentar amostra composta por mulheres com CM em quaisquer estágios da doença e em tratamento oncológico; e que utilizaram um corte axial ao nível da terceira vértebra lombar por meio da tomografia computadorizada para avaliação da mioesteatose. Restrições quanto a data de publicação e idioma não foram aplicadas. A validade interna e o risco de viés dos estudos incluídos foram avaliados de forma independente pela Escala de Newcastle-Ottawa (NOS). A heterogeneidade dos estudos foi avaliada por meio do teste Q de Cochran e Estatística I², e o viés de publicação foi avaliado pela análise do gráfico de funil e pelo teste de Egger. Quando pertinente, foi utilizado um modelo de efeitos aleatórios para as metanálises. Dezesseis estudos compuseram esta revisão, com amostras que variaram de 40 a 3242 participantes. Em geral, os estudos apresentaram uma boa pontuação na escala NOS. O principal método de avaliação da mioesteatose foi a skeletal muscle density (SMD), utilizada por 13 investigações, entretanto outras cinco formas também foram relatadas. A mioesteatose acometeu entre 13% e 61% das pacientes avaliadas e os protocolos para sua análise foram heterogêneos e em geral relatados de modo incompleto. Onze investigações incluíram em seus desfechos a sobrevida geral. Cinco, a sobrevida livre de doença/progressão e sete, os eventos adversos do tratamento oncológico. Em suma, a análise dos dados atuais não sustentou a hipótese de relação entre a mioesteatose em mulheres com CM e a sobrevida geral (HR=1,04; IC 95% 0,98-1,11; p=0,23; I²=64%) ou a sobrevida livre de doença/progressão (HR: 1,15; IC 95% 0,91-1,45; p=0,24; I²=73%) e os resultados disponíveis para os eventos adversos, não viabilizaram sua análise conjunta e mostraram-se pouco uniformes. Por fim, conclui-se que a mioesteatose é uma condição frequente em mulheres com CM, mas a sua presença não se relacionou com os desfechos avaliados. Destaca-se a necessidade urgente de se estabelecer os parâmetros mínimos para sua detecção e que mais estudos são necessários para confirmar a ausência dessas associações ou as possíveis interferências dos métodos de avaliação nesses resultados.

Discente:
Naira Marceli Fraga Silva

Orientador:
Valdete Regina Guandalini
Daniela Alves Silva

Data da defesa:
11/10/2024.

Horário:
13h00.

Local:
Webconferência - https://meet.google.com/qcf-ween-wsa

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